Criando raízes
Por Chris Bicalho – B360 Travel
Tel: (11) 3038-1515
Além do Explora existe um lugar, bonito e tranquilo pra gente amar. Alto Atacama é seu nome, um desert lodge tão incrível quanto o concorrente, mas in loco tudo parece bem diferente. Estamos mais ao norte do Chile, entre as ruínas de Pukará de Quitor e o Rio San Pedro.
A localização é, com o perdão da vizinhança, a melhor possível, mágica e quase espacial. À noite, então, com luneta na mão, vendo todas as estrelas de qualquer constelação, a sensação é, sim, de que estamos em outro planeta. Em Terra, firme, a paisagem é lunática – ou marciana, como preferir. Rochas e areia de um vermelho 3D dominam o cenário por completo.
A fauna e a flora, por ora raquíticas, quando surgem não deixam dúvidas de que ganharam um bônus divino (cores e formas únicas) pelo simples fato de terem resistido às intempéries de uma das regiões mais secas e inóspitas do planeta. Atacama pode ser o fim do mundo, como pode ser o começo dele. E o seu recomeço. Não vejo lugar mais inspirador e revigorador que este, não troco um fim de semana aqui por nem um mês no mais zen e perdido mosteiro budista no Butão. Para renascer mesmo, voltar para casa zerado e pronto para outra – e que venham os desafios, né?
Pois bem, o Alto Atacama, assim como o Explora, é um oásis de pequenas delícias. A começar pelos quartos, poucos, apenas 32, todos decorados à moda Catarpe – elementos nativos, aquela pegada roots adorável. Indoors, muita madeira e cerâmica, tons terrosos e ponto final.
Outdoors, a não-arquitetura do hotel revela que nada pode interferir no skyline – as paredes da casa assumem um quê de camaleão ao se confundirem com as montanhas que cercam toda a área construída. As piscinas, todas as seis, nasceram de águas naturais, salgadas e doces, ótimas para um dia daqueles no deserto e melhores ainda quando usadas para fins terapêuticos – o spa, como não poderia deixar de ser, tem aqui um caráter milagroso. Pecado não recorrer a todos os tratamentos oferecidos pela turma.
No mais, aquele algo mais mucho más Atacama de ser: mountain bike e trekking no deserto, gastronomia, vinhos (todos aqueles chilenos que a Wine Spectator transborda de elogios) e um mergulho, de leve, na cultura local. Tem ali influência de Incas + Aymaras e Licanantay. Tem ali algo de sagrado, primitivo. Uma ida para Atacama, uma volta às origens.