Circolando com Franco

15/12/2011 - 14:30 | Por: Circolare

Pre-Fall, por Franco Pellegrino – @f_pellegrino

Coleção intemediária (e mais enxuta) entre os desfiles de verão e de inverno, o Pre-Fall começou a ser divulgado pelas grifes do hemisfério norte. Separei looks das minhas coleções preferidas, pra vocês já ficarem de olho no que vem por aí…

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Karl Lagerfeld buscou inspiração na Índia para o desfile Pre-Fall da Chanel...

...as pérolas, correntes e camélias, típicas da grife, foram reeditadas em acessórios dignos de Marajás

Francisco Costa apostou na cintura marcada e na alfaiataria em bons looks de lã e de couro da Calvin Klein

Glamour com ares "old school" nos looks de saias volumosas da coleção de Zac Posen

Longos esvoaçantes com ares gregos no desfile de Oscar de la Renta

Alfaiataria masculina versus looks ultra-femininos (tops de cintura marcada usados com saias evasês e lápis) na coleção de Donna Karan

Circolando com Franco

06/12/2011 - 10:00 | Por: Circolare

Go 50’s por Franco Pellegrino – f_pellegrino

A silhueta mais romântica dos anos 50, baseada no contraste entre a cintura marcada e e saia volumosa, está de volta. Em vestidos ou peças separadas, a silhueta – que já havia sido proposta pela Prada e pela Vuitton no inverno de 2010 – apareceu em várias passarelas do verão 2012 lá fora (novamente na Prada, na Jil Sander, Dolce & Gabbana, entre outros) e também por aqui, nos looks deliciosamente escapistas da coleção de Alexandre Herchcovitch.

Mas esse escapismo não é de hoje: data de sua origem, pós segunda guerra mundial. Explica-se: após anos de excassez de recursos na Europa, a proposta de looks com cintura finíssima e saia de volume exagerado, que requeria metros e metros de tecido além dos necessários para cobrir o corpo, passava longe da realidade da época e escandalizou os europeus. Christian Dior, o grande difusor dessa moda com seu tailleur Bar de 1947, já teve seus vestidos rasgados (!!!) no corpo de suas clientes nas ruas de Paris no final dos anos quarenta. Pobres fashionistas!

Mas o choque passou, a moda pegou e a silhueta foi tão usada e copiada que virou sinônimo da década de 50. Em looks para o dia ou para a noite, vestiu tanto as mais comportadas (Audrey Herpburn, Grace Kelly) quanto as femmes fatales da época (Elizabeth Taylor, Sophia Loren). As versões de hoje refletem essa diversidade e vêm tanto com pegada romântica, como nos vestidos de organza em tons pastel de Herchcovitch, quanto em versões mais sexy, como no vestido preto sem forro da Dolce & Gabbana, que deixa transparecer a lingerie.

Dica de styling: mergulhe de cabeça na tendência e aposte no visual bem 50’s, combinando o vestido ou saia com acessórios inspirados na época: scarpins [link com a matéria anterior], óculos de gatinho, lenços…  Mas cuidado para não cair na caricatura: use cores fortes ou estampas marcantes para trazer o look para hoje.

Ou então aposte no contrate da elegância da saia rodada com um top mais casual, como uma camisa de denim ou camiseta podrinha, como fez a editora de moda da Glamour russa Ulyana Sergeenko. Funciona muito bem!

Brincar com a transparência em saias, tops ou mesmo vestidos que deixem entrever a lingerie (vá de hotpants e sutiãs largos) também é uma ótima opção para atualizar o look – se a ousadia fashion e o corpo permitirem, diga-se.

Encarne a diva dos anos 50 e divirta-se!

Saia plissada de volume mais contido usada com top de couro na Prada e look de cetim de seda bordado de Alexandre Herchcovitch

Saia esvoaçante na Dolce & Gabbana e tecidos opacos e transparentes na Jil Sander

Estampas vibrantes no vestido da Blumarine e look com barriga de fora da Dolce & Gabbana

Tons pastel no look de Alexandre Herchcovitch e vermelho vibrante na Dior

Cintura "vespa" e saia volumosa no look Dior do começo da década de 50

Audrey Hepburn e Grace Kelly nos 50

As versões de hoje usadas por Shala Monroque e Ulyana Sergeenko

Transparência e lingerie aparente na passarela da Dolce & Gabbana e nas ruas em look de Ulyana Sergeenko

Viviana Volpicella, ao lado de Anna dello Russo, usou sua versão menos volumosa com scarpins de oncinha

Circolando com Franco

28/11/2011 - 18:00 | Por: Circolare

Scarpins – por Franco Pellegrino – @f_pellegrino

Os scarpins, com suas solas rentes ao chão, bicos triangulares e saltos finos, voltam à cena, depois de estações dominadas por sapatos plataforma e meia-pata. Típico dos anos 50 e muito usado nos 60, o modelo foi eternizado no cinema por Elizabeth Taylor, Audrey Hepburn e outras atrizes da época e virou clássico desde então. E como a moda tem buscado inspiração nessas décadas –, e nessas musas, os scarpins fazem um comeback.

Mas as novas versões do clássico não tem nada de old-school: plástico, couro metalizado, paetês, cores vibrantes, couros exóticos e prints animais espantam qualquer vestígio de caretice. Outro recurso usado para atualizar a peça são os saltos altíssimos, boa pedida quando o sapato vem em acabamentos mais neutros. Mas, para a alegria das românticas de plantão, há boas versões com saltos mais baixinhos e comportados, a la Hepburn.

Versátil, o scarpin apareceu nos mais variados “climas” nesta estação: pareado com os looks românticos do verão 2012 da Louis Vuitton, em delicadas versões brancas e em tons pastel; ou com ares fetichistas, usado com meias finas 7/8 e look all black, na capa da Vogue francesa.

Adorei a brincadeira com os scarpins em looks estampados head-to-toe que a Salvatore Ferragamo e a Givenchy fizeram nas coleções de inverno. Roupas e sapatos exatamente no mesmo tecido, como faziam as mulheres elegantes de 50 e 60, que usavam os sapatos (e até bolsas!) forrados com o mesmíssimo tecido do vestido. O efeito é divertido, excêntrico e ousado, numa época em que usar a mesma marca da cabeça aos pés é considerado cafona.

Dica de styling: scarpins clássicos em cores sóbrias, como preto, beges e nudes, são curingas e must-haves de qualquer guarda-roupa. Vão bem como contraponto a looks mais ousados (formas exageradas, cores muito fortes, texturas muito marcantes por exemplo). Ou como reforço para outras peças clássicas do mesmo período, como saias lápis ou evasê, em looks impecavelmente ladylike.

Ou então explore o universo fetichista dos stilettos, e combine saltos altíssimos em cores escuras com meias finas, transparência e silhueta justa e encarne a musa de Helmut Newton.

Use sua imaginação e divirta-se!

Lara Stone de scarpins na Vogue francesa de agosto com ares fetichistas

Mesmo tecido head-to-toe nas campanhas da Salvatore Ferragamo e da Givenchy, inverno 2011

Scarpins de couro espelhado Schutz, R$ 350, e com textura de cobra metalizada, Jimmy Choo

Laranja-neon com salto de metal, Casadei e de couro com tachas, R$ 3.100, Christian Louboutin

Com estampa de dálmata, Dolce & Gabbana e de plástico, pêlo e verniz, R$ 2.750, Jimmy Choo

Elizabeth Taylor com scarpins de cetim em cena de "Gata em teto de zinco quente", de 1958

O scarpin numa viés romântica no desfile da Louis Vuitton, verão 2012...

... e em versão fetishista pelas lentes de Helmut Newton

Circolando com Franco

18/11/2011 - 17:30 | Por: Circolare

À la Versace, por Franco Pellegrino – @f_pellegrino

Cheios de arabescos, medusas, correntes e motivos animais, as estampas com motivos barrocos, à la Gianne Versace na década de 80, voltaram com tudo. Vários estilistas foram buscar inspiração nessa estética deliciosamente over: de Riccardo Tisci, da Givenchy, à própria Versace, que revisitou seus arquivos com pegada mais pop para a coleção recém-lançada em parceira com a H&M.

A D&G, em sua coleção de verão 2012, trouxe uma proposta interessante e, no mínimo, bem-humorada da tendência: estampas barrocas de carrés da cabeça aos pés. Tops, bottoms e acessórios, todos com diferentes prints, com resultado calculadamente camp. A Givenchy também fez suas versões dos prints de lenços nas coleções feminina e masculina do inverno passado em lindas saias lápis, camisas e jaquetas.

Dica de styling: para aderir à tendência sem parecer fashion-victim, misture peças estampadas com outras lisas ou com um padrão mais “neutro”, como listras. Vale usar lenços como tops, cintos, faixas de cabelo, como pulseira, pendurados na bolsa e por aí vai. A graça é usar mais de um ao mesmo tempo. Um top arrematado por um cinto, ambos de lenços, fica elegantérrimo, por exemplo.

Não há regras para misturar estampas, seja em looks head-to-toe ou apenas em detalhes. Tem que exercitar o olho e experimentar. Mas uma dica pra começar é procurar por diferentes prints que tenham cores em comum entre eles.

Acessórios, sapatos, bolsas, clutches em seda estampada (oncinha pode ser bem divertido) são uma boa.

Assuma a estética camp e vá de acessórios maximalistas – dourados, com pedrarias e incrustações – para um visual mais divertido. Ou então nada, para fugir do over.

Em looks mais comportados ou exagerados, a graça é se divertir.

Have fun!

Mix de estampas na campanha da Versace Jeans do começo de 90

Mix de estampas na campanha da Versace Jeans do começo de 90

Prints a la Versace revisitados no desfile da Givenchy, inverno 2011

Prints a la Versace revisitados no desfile da Givenchy, inverno 2011

Estampas literalmente head-to-toe na D&G, verão 2012

Estampas literalmente head-to-toe na D&G, verão 2012

D&G verão 2012

D&G verão 2012

Versace em dois momentos: look da coleção com a H&M e campanha no início dos 90

Versace em dois momentos: look da coleção com a H&M e campanha no início dos 90

Os inusitados Vans forrados com carrés Hermés vintage foram customizados pelo stylist Robert Verdi

Os inusitados Vans forrados com carrés Hermés vintage foram customizados pelo stylist Robert Verdi

Peças da coleção Versace para H&M, pegada mais pop

Peças da coleção Versace para H&M, pegada mais pop

Estampas dos lenços da Givenchy e da marca brasileira só de lenços Scarf Me

Estampas dos lenços da Givenchy e da marca brasileira só de lenços Scarf Me

Circolando com Franco

14/11/2011 - 13:00 | Por: Circolare

Espadrilles, por Franco Pellegrino – @f_pellegrino

Basta dar uma voltinha em qualquer shopping para você se deparar com vários modelos de espadrilles ou, em bom português, alpargatas. Caracterizadas pela sola de corda e o “corpo” de tecido (geralmente lona) as opções são inúmeras: rasteiras ou plataformas altíssimas, com ou sem amarração no tornozelo, tecidos lisos ou estampados, baratíssimas genéricas ou devidamente grifadas. Apesar de não serem extamente novidade (estão por aí desde o verão passado) pegaram de vez agora.

Com origem nos Pirineus, região de divisa entre Espanha e França, as espadrilles provaram sua versatilidade também na história: foram usadas desde soldados catalões do século XIII (soldados muito estilosos, diga-se de passagem) até Coco Chanel, em seus looks al mare nas décadas de 20 e 30. Mas foi graças a Yves Saint Laurent e às suas versões de alpargatas com plataformas altas que elas ganharam, de fato, apelo fashion, no final dos anos 60, começo dos 70.

Dica de styling: o solado de corda deixa as espadrilles extremamente casuais. Use em looks despretensiosos com tecidos de fibras naturais, como linho, algodão ou seda rústica. Ou crie um look mais fashion contrapondo a rusticidade caracteristica das alpargatas a uma peça de roupa mais sofisticada (um casaquinho de tweed Chanel por exemplo, ganha frescor imediato com elas; use com uma camiseta básica e shorts jeans).

Para os homens que querem aderir às alpargatas, mas tem medo de exagerar na dose, uma dica: apostem, também, em tecidos de fibras naturais numa cartela de cores clássica: branco, bege, khaki, azuis e preto. Usar um top com as tradicionais listras navy também é um tiro certeiro. Eu uso as minhas alpargatas, de algodão preto da Cervera, com peças de alafaiataria de linho crú.

Mostrar um pouco da canela, com calças mais curtas, ou mesmo com a barra dobrada é um detalhe que faz toda a diferença.

Pra usar já!

Espadrilles no look navy de Alexa Chung e em versão altíssima nas ruas de NY

Johannes Huebl, com a namorada Olivia Palermo, e look marinière em clique de Scott Schuman

Versão bicolor Chanel

Tricô na versão da Missoni e modelo tradicional e unissex de algodão, R$79, da Cervera

Plataformas e amarrações. Em algodão preto, R$ 240, Santa Lolla; e com fitas vermelhas, R$ 320, Schutz

Listras com detalhes de couro, R$ 1.550, Christian Louboutin, e com amarração no tornozelo, R$ 169, Corello

Coco Chanel de espadrilles com look marinheiro nos anos 20 e Grace Kelly usando as suas na década de 50

Flávia Oliveira de alpargatas Cervera em editorial que fiz para a Vogue em 2009

Circolando com Franco

04/11/2011 - 17:30 | Por: Circolare

A volta da saia-lápis, por Franco Pellegrino – @f_pellegrino

“Ultra-feminina e sexy na medida, a saia-lápis, após estações dominadas por calças flare, é o item obrigatório da vez.

Aposta do verão 2012 lá de fora, ela vem forte no nosso inverno, mas pode – e deve – ser usada desde já. E as novas versões da saia-lápis passam longe do estigma de “uniforme de secretária”: estampas, tecidos preciosos e os acabamentos inusitados (como o couro com estampa de brinquedo na Prada ou as tachas formando desenhos de animais marinhos na Versace) atualizam a clássica peça.

Curinga, ela transita facilmente do dia à noite. Durante o dia, oxfords (como os icônicos do inverno passado da Prada) e acessórios divertidos são boas opções para não cair no over-sexy. À noite, encarne a femme-fatale e abuse de scarpins e sandálias altíssimas, sem plataforma, de preferência.

Dica de styling: para não errar, vá na lei da compensação. Se o modelo for mais elaborado (com brilhos, bordados, texturas ou uma estampa marcante), aposte num top mais simples como uma camiseta básica, camisa masculina ou um suéter de cashmere.

Se é uma saia mais neutra, combine com um top mais chamativo (t-shirt de paetês, um top listrado ou estampado).

As fashionistas mais ousadas – e com o corpo em dia, diga-se – podem usar a tendência que foi proposta de quase todos os estilistas que mostraram a peça: barriga de fora. Tops tomara-que-caia, sutiãs largos estilo anos 50 ou um top curtinho de mangas longas são boas pedidas”.

Carine Roitfeld (que adotou a peça como “uniforme” em seus anos à frente da Vogue francesa), Anna Dello Russo e Giovanna Battaglia já aderiram à saia-lápis. Vai aderir também?

Duas versões em couro: com desenho de carro na Prada e com tachas na Versace

Tecidos nobres nos desfiles da Lanvin e de Alexandre Herchcovitch

Estampada na Givenchy e em pied-de-coq na Stella McCartney

Barriga de fora na Proenza Schouler e Prada

Nas ruas: Eleonora Carisi e Giovanna Battaglia

No look clássico usado por Michelle Williams na Vogue americana de outubro

Versões em couro no editorial da V Magazine de novembro

Carine Roitfeld, fã assumida de saia-lápis, com a sua Givenchy

Circolando com Franco

28/10/2011 - 17:30 | Por: Circolare

A partir desta semana o Circolare ganhará um colaborador de peso para falar de moda, aqui no canal Circolando. Toda sexta-feira, o stylist Franco Pellegrino contará as tendências, novidades e tudo o que rola por aí.

Para começar ele nos conta um pouco de sua carreira.

“O styling aconteceu para mim sem querer: entrei na Vogue como assistente de produção executiva dos editoriais de moda. Um dia, por mero acaso e sem experiência alguma, fiz um editorial de beleza e aí tudo começou.

Conquistei espaço gradual na editora, e após um ano e meio já editava a capa da Vogue e da então RG Vogue. Depois de algum tempo, deixei a assistência de produção executiva para me dedicar exclusivamente à edição de moda/styling.

Fui autodidata, ou seja, nunca fiz assistência a um outro stylist/editor(a). Aprendi na prática, editando looks das matérias que seriam publicadas.

Depois de cinco anos de Vogue – três deles como stylist – me desliguei do título e agora meu foco é na carreira como free-lancer.”

Foto: Hanna Vadasz