Exposição imperdível em São Paulo
No aniversário de 80 anos do início da Guerra Civil Espanhola (1936-1939), a CAIXA Cultural São Paulo recebe a exposição “A Valise mexicana: a redescoberta dos negativos da Guerra Civil Espanhola”, que traz fotografias que foram perdidas até a década de 1990, e recuperadas somente em 2007. Se o material já teria valor imensurável, ele se torna mais importante já que todos os cliques foram feitos pelos ícones do fotojornalismo do século XX, Capa, Taro e Chim.
“A Guerra Civil Espanhola reuniu elementos militares e ideológicos que caracterizariam o século XX, durou quase quatro anos, deixou 400 mil mortos, arrasou a economia do país e instaurou uma ditadura fascista que perdurou por quase 40 anos. Em meio a esse cenário, três jovens fotógrafos de origem judaica, imigrantes fugitivos do nazismo, produziram imagens que repercutiriam a guerra pela Europa, e que permanecem como marco da fotografia de guerra.
Antes de Capa e seus dois companheiros, “os conflitos eram sempre retratados por fotógrafos contratados por grandes jornais ou agências, com pautas bem definidas e restritivas, usando equipamentos pesados e de difícil locomoção e manipulação”, explica Vinicius Souza, fotógrafo e professor de jornalismo da Universidade Federal de Uberlândia. Com o uso da câmera manual Leica 35 milímetros, o húngaro naturalizado norte-americano Robert Capa, sua mulher, a alemã Gerda Taro, e o polonês David ‘Chim’ Seymour, inauguram uma nova forma de se fazer cobertura de guerra.
A maior mobilidade permitida pelo avanço das câmeras fotográficas, aliadas ao destemor exigido para documentar zonas de guerra, levaram Robert Capa a criar a famosa máxima: “se sua foto não está boa o suficiente, é porque você não chegou perto o suficiente”, lembra o professor Vinicius Souza, autor de tese de doutorado sobre a relação entre fotojornalismo e a produção de realidade.
A norte-americana Cynthia Young, curadora da exposição, destaca o pioneirismo dos três fotógrafos no fotojornalismo e, em particular, na cobertura das guerras. “Esses três fotógrafos lutaram contra o fascismo com suas câmeras. Eles foram os primeiros fotógrafos engajados que pensaram que suas imagens poderiam fazer a diferença, educando as pessoas sobre temas sociais e a desigualdade”.”
A exposição fica em cartão até o dia 02 de outubro, de terça-feira a domingo, das 9h às 19h. Entrada gratuita
Imagem: Reprodução Caixa Cultural