Estereótipos de Natal por Carol Ranieri Amorim

16/12/2014 - 15:30 | Por: Circolare

Todo o mês de dezembro é a mesma coisa. Com a chegada do Natal, chega também o fim do ano e, não mais do que de repente, queremos resolver tudo o que não conseguimos durante os mais de trezentos e trinta dias que se passaram.
Não satisfeitos, também desejamos ver os amigos, estar com a família, viajar e, ironicamente, descansar. Tudo isso em apenas um mês.

Precisei passar por um ano de muita exaustão para, finalmente, concluir que o ano deveria burocraticamente acabar em novembro para comemorarmos o Natal e as férias, com calma, em dezembro.

Não consegui fazer tudo o que precisava, muito menos tudo o que gostaria.

Assistindo à tv, me peguei revoltada com as dezenas de propagandas apelativas que importantes marcas veiculam, incessantemente, nesta época.

Abraços reconciliatórios, declarações de amor dos filhos para os pais, perguntas engraçadinhas que as crianças fazem para os avós. Casas impecavelmente arrumadas, árvores de natal cinematográficas, cão e gato convivendo pacificamente…tudo para acharmos que o problema somos nós que, por algum fracasso ou incompetência, não conseguimos encerrar o ano daquela maneira.

Pois bem. Não enfeitei minha árvore, não comprei presentes e não preparei nenhuma ceia espetacular para a família. Também não arrumei um vestido pro Réveillon e estou com preguiça de ficar pulando, feito um saci, as sete ondinhas.
Ao contrário, me concentrei e no que era possível executar. Dentre outras coisas, fiz o supermercado das últimas semanas, arrumei as malas de viagem das crianças, consegui reaver o passaporte da babá, “perdido” no consulado americano às vésperas de viajarmos e organizei alguns processos do escritório.

Pode parecer pouco, mas é muito. Gastei mais tempo e energia do que costumava nos outros natais. Ser mãe, mulher, patroa, dona-de-casa e profissional no mês de dezembro (aquele mês que as propagandas demonstram ser de paz, amor e sossego) é puxado. Mas, enfim, vou ter o resto da vida para me acostumar.

Enquanto não me habituo, é com satisfação que encerro este ano à minha maneira. Arrumando malas, separando roupinhas, ajeitando folgas da babá, cuidando do marido gripado, etc. Também comemoro um grande feito: após um bom tempo de tentativas, finalmente consegui que meus filhos dormissem a noite toda, que vitória.

Enfim, este é meu espírito natalino. E, longe de esterótipos ou clichês, desejo um ótimo Natal a todos e um 2015 com menos cobranças irreais e repleto de possíveis realizações.

Imagem: Reprodução

Imagem: Reprodução

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